VOCÊ SABE O QUE É PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL?
Instituições de ensino, empresas ou qualquer entidade de caráter educativo pode ser um campo de atuação do psicopedagogo institucional. A Associação Bethel Casa Lares experimentou essa intervenção positiva por meio de oficinas literárias.
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, UMA ALTERNATIVA DE ATUAÇÃO FORA DO CONSULTÓRIO
Quando se fala em psicopedagogia a um leigo ou mesmo a muitos profissionais de áreas afins, a primeira imagem que vem à mente é a de um consultório clínico, para o atendimento individualizado de um paciente. Mas existe um outro campo, nem tão popular, porém carente da mesma atuação profissional: o da psicopedagogia institucional.
Qual a área de trabalho do psicopedagogo institucional?
Enquanto a psicopedagogia clínica tem como objeto de estudo a aprendizagem, articulando-a, de forma geral, com a psicologia, a psicanálise e a pedagogia, focando no indivíduo, a institucional volta essa mesma avaliação para instituição onde este indivíduo está inserido ou que, de alguma forma, participa na constituição dele.
Escolas, hospitais, empresas ou quaisquer entidades que apresentem um caráter educativo se tornam campo fértil para a atuação do psicopedagogo institucional.
Como se dá essa atuação?
“Assim como um psicopedagogo clínico, que recebe um paciente com queixa de dificuldade de aprendizagem escolar, por exemplo, que não consegue ler, não consegue prestar atenção, é desorganizado e etc., o psicopedagogo institucional irá investigar questões sem solução aparente demandadas por uma organização. Pode ser uma queixa de algo que está afetando a instituição e impedindo que os profissionais deem andamento a suas funções”, explica a especialista Natália de Arruda Arnoud Silva, pós-graduada em Pedagogia Institucional pela Universidade de Sorocaba (Uniso).
“É necessário fazer uma análise, com a escuta da queixa, diagnóstico e intervenção. O processo de escuta e investigação se dá por meio de observações do ambiente, de entrevistas semiestruturadas e coleta de dados, resultando na realização da caracterização da instituição e levantamento das hipóteses diagnósticas. A finalização se dá com a devolutiva na qual se faz a proposta de intervenção”, conclui.
Prática em uma casa-lar
Durante nove meses, as ferramentas e técnicas apreendidas por Natália Silva, durante a pós-graduação, foram aplicadas na Associação Bethel Casa Lares, uma instituição sem fins lucrativos que oferece um serviço de acolhimentos nos moldes do Estatuto da Criança e do Adolescente, e atualmente abriga crianças e adolescentes em duas unidades instaladas em Sorocaba.
A demanda diagnosticada foi a dificuldade de despertar o interesse de crianças e adolescentes pela leitura. Mas a conclusão à que se chegou é de que nada adiantaria desenvolver ações com os acolhidos se não houvesse um trabalho prévio com os profissionais que atuavam diariamente com as crianças e os adolescentes.
Oficinas literárias foram desenvolvidas com os profissionais em duas etapas. Primeiro, com a equipe técnica, formada por coordenadora, pedagoga, psicóloga institucional, recreadores e monitores; e depois com as cuidadoras e auxiliares.
Por intermédio de leituras, vídeos e reflexões, foram desenvolvidos com os dois grupos cinco temas: “Resgate literário”, “Ler ou contar histórias?”, “Seleção de livros infantojuvenis”, “Planejamento de leitura” e “Praticando a leitura em voz alta ou contação de histórias”.
Para aproximar a atividade do grupo formado por cuidadoras e auxiliares, de acordo com seu perfil, foi proposto por Natália que elas escolhessem e reescrevessem um conto de fadas e confeccionassem um livro.
“Nas oficinas literárias, os integrantes da equipe técnica demonstraram ter sidos resgatados pela importância da leitura. A leitura tem uma peculiaridade incrível de propiciar momentos, sejam eles tristes ou felizes, sem ao menos termos passado por determinada ocasião. Por isso, a importância de ler, sobretudo os contos de fadas, para e com as crianças”, explica a especialista.