Paciente e acompanhante são fundamentais para segurança no sistema de saúde

Quem usa o sistema de saúde, seja o público ou o complementar privado, sejam UBSs, PAs, UPAs, hospitais, laboratórios de análises clínicas, pode não saber, mas a atenção dele próprio para com os procedimentos é fundamental e fator de redução de riscos e acidente.
A explicação é da mestra em Ciências Farmacêuticas e professora dos cursos de pós-graduação Lato Sensu da Universidade de Sorocaba (Uniso) voltados à área de assistência e de enfermagem, Sheilla Siedler. Ela também representa a Universidade nesse enfrentamento e a Rede Brasileira de Enfermagem em Segurança do Paciente, no Núcleo Sorocaba.

Programa Nacional de Segurança do Paciente

Em 2013 o Brasil instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Dentro dele há algumas diretrizes e eixos de trabalho que envolvem a participação da população. É o paciente, incluindo o acompanhante, no cuidado da sua própria segurança no atendimento do sistema de saúde.

O objetivo do programa é o de cumprir seis metas internacionais, estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São elas:

  • Identificar corretamente o paciente;
  • Melhorar a comunicação entre os profissionais da saúde;
  • Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos;
  • Assegurar a cirurgia em local de intervenção e em pacientes corretos;
  • Higienizar as mãos para evitar infecções;
  • Reduzir o risco de queda e úlceras por pressão (lesões de pele que se formam quando o paciente fica muito tempo em uma mesma posição).

Como o paciente e o acompanhante podem aumentar a segurança no atendimento

Sheilla Siedler explica que atenção do paciente ou do acompanhante ao atendimento é fundamental. “Toda vez que for indagado sobre grafia do nome e data de nascimento estampados em etiquetas, frascos, prontuário, ou em qualquer outro impresso, o paciente deve conferir atenciosamente. Esses dados são fundamentais, por exemplo, para que material coletado não seja trocado ou medicamentos também não sejam administrados em pacientes diversos daqueles para os quais foram prescritos”, conta a professora. Ela ainda destaca que se o paciente não tiver condições de responder a essas indagações, ele precisa que um acompanhante faça a conferência.
Para Sheilla, o celular, que tanto pode auxiliar, também se tornou um elemento de distração que afasta paciente e acompanhante de ficarem atentos com a segurança nos procedimentos. “Se eu sou o paciente ou estou acompanhando um paciente, minha atenção tem que estar voltada para mim ou para ele e para o que acontece ao redor. Ficar atento, por exemplo, quando um profissional vier administrar um medicamento, se lavou as mãos antes e depois do procedimento. A obrigação é do profissional, mas nós precisamos ser responsáveis pela nossa segurança. Então, se o procedimento não foi cumprido, peça”, explica.
Os principais itens que devem ser sempre verificados pelo paciente e pelo acompanhante:

  • Perceber se os profissionais higienizaram as mãos em todas as situações necessárias, inclusive após tocarem qualquer objeto próximo do paciente.
  • Conferir se as identificações da roupa do paciente, da pulseira, do prontuário médico estão corretas. Incluindo a conferência da data de nascimento.
  • Checar se, na hora que o médico prescreveu o medicamento, ele levou em conta os medicamentos que o paciente já toma e se anotou quadro alérgico.
  • Ficar atento ao preparo feito pela enfermagem.
  • Se o paciente for passar por procedimento cirúrgico, ter certeza de que está devidamente informado, que recebeu avaliação pré-anestésica e que o corpo está demarcado no local correto onde a cirurgia será feita.
  • Certificar-se de que há indicação de desenvolvimento de úlcera por pressão, se o caso, e de risco de queda.

De onde surgiu cuidado com situações adversas
Em 1999, o pesquisador norte-americano James Reason publicou um relatório intitulado como “Errar é Humano”. O estudo trouxe dados coletados naquele país nos anos anteriores e indicava que, nos EUA, a cada ano, cem mil pessoas morriam vítimas de eventos adversos nos atendimentos de saúde. O relatório mostrava ainda que 10% dos pacientes internados sofriam algum tipo de evento adverso, e que ao menos 50% deles eram evitáveis.
A professora da Pós-Graduação da Uniso explica que, depois desse estudo e com as medidas implementadas ao longo dos anos, o índice de pacientes internados vítimas de eventos adversos baixou para 7,5%. Entende-se como evento adverso o incidente que ocorreu, mas que poderia ter sido evitado, e trouxe dano para o paciente ou para a família dele.
“A gente sempre compara essa questão da segurança do paciente com aviação. O número de pessoas que morre em decorrência de eventos adversos que poderiam ser evitados equivale à queda de um avião, por dia, no mundo. É importante explicar que não é o erro de um profissional, mas de toda uma equipe. O erro no atendimento à saúde pode começar na recepção e ter implicações que levam à morte do paciente”, explica Sheilla Siedler.

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