Sem questões mundiais ou abalos externos ao próprio Brasil, as constantes mudanças do cenário econômico e financeiro nacional já impunham às empresas locais a obrigação de conhecer e controlar muito bem seus gastos, ou seja, seus custos.
Para Júlio Dias Prestes, professor nos cursos de MBA em Controladoria e em Marketing da Universidade de Sorocaba (Uniso), a atenção voltada para os custos e o controle eficiente ao longo do tempo irão auxiliar as empresas no enfrentamento da pandemia da covid-19, porque os administradores identificarão mais rapidamente soluções para a manutenção do negócio.
“É preciso adequar a empresa à realidade atual. Antes de tudo, é necessário verificar internamente custos, processo de produção, avaliar pessoal envolvido e agir para compensar o faturamento. A empresa que sempre controlou custos deve fazer o cálculo da média de gastos mensais dos últimos seis meses, verificar se há fluxo de caixa disponível e saldar os compromissos já assumidos. Na sequência, listar uma curva ABC dos maiores gastos e tentar renegociar valores ou postergar pagamentos. Mas tudo isso exige conhecimento correto dos custos, inclusive de como planejar outros passos, entre eles tomada de crédito com o objetivo de saldar dívidas maiores com juros menores”, acrescenta Prestes.

Dados do departamento de custos norteiam decisões

“Em qualquer atividade, seja ela comercial, industrial ou de serviços, é de suma importância que se conheçam os gastos. O gasto é um substantivo bem genérico, que técnico e financeiramente falando, abrange todos os custos, despesas, desembolsos, investimentos e desperdícios de uma entidade”, explica o professor.
“E a gestão de custos é de suma importância para definir parâmetros de negociação de matérias primas e de insumos com os diversos fornecedores, a fim de: obter redução de preços na aquisição de produtos e redução do desperdício no fluxo da produção. Além disso, é também importante para pensar um plano de otimização da produção com a mão de obra disponível, incluindo a redução de horas extras, e a estratégia de manutenção de uma boa logística, tanto interna quanto externa, para expedição dos produtos”, continua Prestes.
O professor da Pós-Graduação da Uniso explica que o departamento de custos é uma área que está intimamente ligada a todos os outros departamentos da empresa. É o departamento de custos que fornece informações para a alta diretoria, que são utilizadas para a tomada de decisões. É por meio do departamento de custos que se avaliam desempenho, controle de operações, eficiência na produção e histórico mensal das despesas detalhadas, para a tomada de decisões, desempenho, controle das operações, eficiência na produção, entre outras atividades a ele pertinentes.
“As informações de custos são fundamentais para a definição da quantidade mínima que se deve produzir e vender de um determinado produto para não se ter prejuízo, apontar qual o produto mais rentável para estimular a sua produção, ou mesmo qual o produto que deve ser tirado de produção para aumentar a rentabilidade geral”, explica.

É preciso conhecer a concorrência e fixar o melhor preço
“Devemos estar sempre de olho na concorrência, comparando o preço final dos nossos produtos com aqueles praticados pelos concorrentes. Caso nossos preços estejam maiores, é preciso analisar com muito cuidado cada item que compõe os nossos custos, as nossas despesas, procurando alternativas para redução a valores mais competitivos”, assevera Prestes.
Na visão do professor da Uniso, o maior desafio de um gestor de empreendimento é fixar o melhor preço. “Há muitos fatores que devem ser avaliados e que merecem uma boa dose de reflexão: quem é seu consumidor, qual o preço que ele está disposto a pagar, qual a sua estratégia e objetivo de mercado, por isso é fundamental que o preço de um produto ou de serviço seja justo e permita ao empreendimento sobreviver nesse cenário de competitividade acirrada”, explica.
Tecnicamente o preço de venda é formado pela equação custos de produção mais despesas gerais, mais impostos e tributos e mais a margem de lucro. Segundo Prestes, o departamento de custos é o início do trajeto para se chegar ao melhor preço. Do ponto de vista empresarial, o preço ideal de vendas é aquele que cobre custos do produto ou serviço e ainda proporciona o retorno desejado pela empresa, sendo competitivo no mercado. Para o cliente, o preço ideal é aquele que oferece o máximo de qualidade do produto, maximizando sua satisfação pela aquisição do objeto de desejo ou pela superação das suas expectativas quanto a ele.

Júlio Dias Prestes: professor na Pós-Graduação da Universidade de Sorocaba (Uniso) nas disciplinas de Gerenciamento de Custos, no MBA em Controladoria, e de Estratégia da Composição de Custos e Preços, no MBA em Marketing.
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