A criação de produtos e serviços na indústria

“Para criar um produto ou serviço para a indústria, antes de tudo, é necessário observar a necessidade do mercado, para depois pesquisar tecnologias disponíveis, ou até desenvolver novas, a fim de aplicá-las para as oportunidades previamente identificadas”, explica Rafael Gustavo Turri, professor da disciplina “Desenvolvimento de Produtos com Planejamento, Inovação e Viabilidade” da Pós-Graduação na área de Engenharia da Universidade de Sorocaba (Uniso).
O doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais explica que uma das novas tecnologias que está ganhando espaço no mercado são produtos comuns dotados de tecnologia embarcada e com capacidade de transmitirem dados. A tecnologia que permite que tais produtos possam transmitir dados é popularmente conhecida como IoT, do inglês Internet of Things (Internet das coisas).
“Essa Internet das Coisas não é a internet como conhecemos e utilizamos na nossa vida cotidiana, para pesquisar, comprar e navegar em redes sociais”. A aplicação prática da tecnologia IoT destinada a produtos e serviços em escala industrial difere um pouco da IoT aplicada em nosso dia a dia e em nossos lares em produtos como smart TVs, robôs aspiradores e produtos do tipo wearables (tecnologias que podem ser vestidas), como relógios inteligentes.
De acordo com Turri, novas tecnologias e protocolos de transmissão de dados em equipamentos de baixa potência têm permitido a criação de uma série de produtos, e a reinvenção ou desenvolvimento de novas aplicações para produtos antigos ou tradicionais no mercado.
Atualmente, no Brasil, duas tecnologias de transmissão de dados em equipamentos de baixa potência têm se destacado, elas são: LoRa e Sigfox. “Diferentemente das redes de internet convencional aplicadas em nossos celulares, que permitem o tráfego de grande quantidade de dados, necessárias para download de vídeos e fotos, essas redes, LoRa e Sigfox, foram construídas especificamente para prover IoT em equipamentos e produtos que precisam emitir pequenas quantidades de dados”, esclarece Turri.

Exemplo do uso de IoT no mercado brasileiro

O mercado brasileiro de gases combustíveis, no qual Turri atua, é um bom exemplo do uso da IoT no país, conforme exemplo a seguir: “Uma indústria possui vários tanques de grande porte de GLP, gás liquefeito de petróleo, para alimentar os fornos queimadores necessários em seus processos de fabricação. Esses tanques precisam ser reabastecidos e podem estar espalhados em diversas plantas, cidades distintas e até em estados diferentes”.
O professor da Pós-Graduação da Uniso explica que, por meio de medidores de nível, a empresa distribuidora de GLP verifica a quantidade de gás existente em cada tanque e, com base em históricos de consumo e visitas periódicas as fábricas, faz a recarga desses tanques; mas com o advento de tecnologias IoT, as companhias de gás podem controlar a distância a situação. “Com o uso da IoT, a distribuidora de GLP obtém a distância e em tempo real o nível gás nos tanques, e com esta informação planeja o reabastecimento e toda a logística de distribuição, evitando a falta de gás em clientes, o que pode resultar até mesmo em multas para a companhia. Isso significa maior eficiência operacional, melhor controle de receitas e redução custos”, completa Turri.
“Com a IoT é possível ter uma visão abrangente e simultânea de todo parque de tanques instalados, e inclusive da melhor rota dos caminhões de reabastecimento. Isso evita desperdício em todos os sentidos e, ao mesmo tempo, garante que o cliente continue devidamente abastecido”, conclui.

Rafael Gustavo Turri – professor das disciplinas de “Desenvolvimento de Produtos com Planejamento, Inovação e Viabilidade” e “Permeabilidade e vida de prateleira”, nos cursos da área de Engenharia da Pós-Graduação da Universidade de Sorocaba (Uniso).